Demonologia

Cães do inferno

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Num domingo frio, pessoas estavam sentadas no banco estreito da igreja, as portas que estavam fechadas para evitar o vento frio abrem-se de uma vez, fazendo um enorme barulho. O vento gelado sopra a nuca de todos que estão presentes. O padre que falava, se cala e olha tremendo para a porta. Todos voltam o olhar para a porta e surpreendem-se temerosamente ao ver entrando um grande cão preto de olhos vermelhos, exalando um odor insuportável. Ele caminha por entre as pessoas lentamente, causando-lhe náuseas pelo imenso fedor. Ele os cheira e continua a caminhada, parecendo procurar alguém. Sem êxito, saí numa velocidade incrível por onde entrou. As portas se fecham.

Parece até roteiro de um filme de terror, não é? Mas acreditem, isso aconteceu de verdade e está documentado.

O fato está no manuscrito francês Annales Franorum Regnum de 856 d.C. Neste manuscrito é relatado que uma repentina escuridão envolveu uma igreja durante uma missa e que um grande e misterioso cão negro que soltava faísca pelos olhos apareceu e se pôs a inspecionar o recinto, como se procurasse por alguém ou alguma coisa, até que, desapareceu num piscar de olhos.

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Outro caso, também em igreja e documentado, aconteceu em 4 de Agosto de 1577, em Bongay, aos arredores de Norwich, Inglaterra. Durante uma tempestade, um grande cão negro adentrou em uma igreja. Seus olhos faiscavam, seu cheiro era pútrido. Ao entrar no recinto, o cão disparou a correr atrás de duas pessoas, que se incendiaram até a morte, uma terceira que tentara ajudar acabou saindo muito queimada.

Também existe um caso (não documentado) que conta a história de um lavrador que ia a caminho de casa a noite e durante o caminho deu de frente com uma matilha de cães muitos velozes. O homem que conduzia os cães disse ser caçador e a caça havia sido farta. Ofereceu parte ao lavrador que logo aceitou e partiu tão rápido como veio. Ao chegar em casa o homem soube ao desembrulhar o embrulho que a caça era seu filho.


Demônios com o aspecto de Cães Negros fazem parte principalmente do folclore da Inglaterra, onde são mais conhecidos como Barghest, porem Cães das Trevas já foram vistos em todo o mundo ao longo das eras.

Na verdade eles não são só uma lenda Inglesa. Em muitos países europeus como Alemanha, Holanda e outros a lenda também é bem difundida.
Segundo os manuscritos os cães do inferno são altos e pretos ou  vermelho por causa do sangue que pinga de seu corpo cheio de feridas. Possuem força e velocidade imensuráveis. Alguns relatam que os olhos são vermelhos e brilhantes, outros que os olhos são faiscantes e soltam fogo de verdade.

O motivo deles existirem são diversos. Dizem que vêm para buscar almas perdidas que vagam pelo mundo. Ou então, levar para o inferno pessoalmente pessoas muito más, e que já estão próximas da morte, assim eles as carregam não permitindo que vaguem pelo mundo posteriormente. Ou ainda, diz a voz do tempo que eles vêm buscar as almas das pessoas que fizeram pacto com o demônio e o tempo do pacto já acabou. Talvez por isso, muitas vezes esses cães são vistos em encruzilhadas.


Um animal de má fama

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Na mitologia pré-islâmica há três interessantes representações do cachorro como um ser sobrenatural. Primeiro como um fiel companheiro do homem, em uma lenda ele é criado por Deus para proteger Adão e Eva de animais que foram convocados por Satanás para atacá-los. Em outra, ele é feito do mesmo barro que Adão, tanto é assim que a palavra sag (dog) deriva do termo she-yak (o terceiro, um terceiro) que indica o senso de humanidade do animal. Mas em outro mito ele surge como resultado do pecado.
No Antigo Egito o deus Anúbis, guardião e condutor para o outro mundo é representado por um chacal ou por um homem com cabeça de chacal.
Na mitologia grega a deusa Hecate tem como “bichinho de estimação” o cão de três cabeças, Cérbero, que é o guardião dos portais do Tártaro.
Observações de sítios arqueológicos indicam que o homem primitivo usava o cachorro para destruir corpos. Isso deve ter conectado a ideia de que o cão também estava devorando a alma do morto. Já para os Parsis indianos e escoceses das ilhas Orkney, fazer os cães devorarem a carne de mortos fazia parte dos ritos funerários. Para os romanos eles eram usados para devorar os mortos sem nenhuma importância que não mereciam um enterro melhor.
Por isso, com o passar do tempo o cachorro, principalmente o de cor negra, passou a ter uma percepção muito negativa pela sociedade. Havia um decreto do profeta Maomé que mandava matar todos os cães que fossem totalmente negros. E com o desenvolvimento do cristianismo, eles passaram a ser cada vez mais associados com o pecado, a prostituição, o mau e as trevas.


O Monstro

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Na tradição anglo-saxã eles podem ter vários nomes que sempre são associados com as trevas. Eles sempre são descritos como enormes cães totalmente pretos ou vermelhos como sangue, com grandes olhos vermelhos incandescentes ou de um amarelo alaranjado como chamas, possuem um forte cheiro de enxofre e pelo eriçado. Eles são vistos em locais isolados, como trilhas, encruzilhadas, sítios pré-históricos, igrejas abandonadas, cemitério e necrópoles. São dotados de habilidades incríveis, como força e velocidade muito acima do normal, podem passar através de objetos sólidos, desaparecer, se auto-incendiar e às vezes possuem até mesmo a capacidade de falar.
Nas lendas eles estão geralmente relacionados ao inferno, como sendo guardiões de suas rotas ou mesmo seus emissários e podem aparecer para carregar as almas dos condenados para o inferno. As lendas que envolvem tais cães demoníacos dizem que se alguém olhar para seus olhos três vezes, certamente irá morrer.
Algumas vezes os cães negros têm cabeça e pernas de outros animais ou humanas sendo relatadas que às vezes também lhes faltam algumas partes. Cachorros sem cabeça já foram vistos em Dartmoor, Cumbria, Sussex, Shropshire, Suffolk, Devon e Norfolk. Cachorros de duas cabeças são visto ocasionalmente em vários lugares.
O registro mais antigo de sua aparição data de 1127, quando dois padres viram caçadores montados em animais totalmente negros que eram uma estranha mistura de cavalo e bode, seguidos por uma matilha de cães negros com horríveis e enormes olhos brilhantes.
O pior relato é de 1157, quando houveram  ataques dessas criaturas durante duas missas. Em ambos os locais houve morte e sinais de arranhões nas portas das igrejas.


Fonte(s)  Queromedo, Faceoculta