Lendas brasileiras

14 Lendas do interior do Brasil

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Brasil, um país de proporções continentais. Apesar de suas grandes cidades e o crescente avanço urbano, ainda existem milhares de cidadezinhas rurais em seu interior, as quais abrigam vários "causos" e lendas sobre fantasmas e entidades fantásticas. Algumas dessas histórias, são tidas como verdadeiras pelos seus moradores, e alguns deles preferem nem tocar no assunto, tal o medo que elas provocam neles. Conheça 14 dessas lendas que percorrem o interior do Brasil.


14. Unhudo


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Arte: Cristina Casagrande
Imagine encontrar uma entidade de cabelos longos, chapéu de palha esfiapado, unhas grandes semelhantes a garras e dois metros de altura. Quem quiser ver de perto essa figura fantástica, considerada um morto-vivo e batizada de Unhudo, pode procurá-lo em uma das pequenas grutas do monte Pedra Branca, entre os municípios de Dois Córregos e Mineiros do Tietê. Dentre as lendas, a do Unhudo é a que mais divulgada na região e em todo o estado. Tido como benfeitor da mata, ele aparece, de acordo com a lenda, nas imediações da Pedra Branca quando algum intruso resolve colher jabuticabas silvestres e orquídeas naquele local. Mas todas as pessoas que entram na floresta correm o risco de irritar o Unhudo e experimentar seu tapa que costuma arremessar a vítima para o outro lado do rio Tietê.
Outra característica da entidade seria repetir a fala cantada dos boiadeiros que frequentavam a região, na hora de tocar os bois. Diz a lenda que quando o boiadeiro gritava – Ôh! Boi!, o Unhudo repetia, como se fosse um eco.

Tapa do Unhudo faz a vítima atravessar o rio Tietê

Um dos ‘causos’ contado na cidade é do lavrador Z.R. Segundo seu filho N.R., que mora na zona urbana de Dois Córregos, certa vez seu pai entrou na mata da Pedra Branca para catar jabuticabas silvestres.
Quando estava no alto de uma jabuticabeira, ouviu uma voz rouquenha, que lhe disse: Moço, essa fruteira tá reservada pra mim.
O pai, muito assustado, percebendo que não estava diante de um ser humano e sim de uma entidade perigosa, Z.R. sacou sua garrucha e deu dois tiros no peito de Unhudo. As balas atravessaram o fantasma sem fazer nenhum estrago. No mesmo instante Z.R. foi atingido por um tapa do morto-vivo, perdendo os sentidos.
Dois dias depois, o lavrador foi achado no bairro Contendas, que fica próximo do loteamento Docemar, na margem do rio Tietê. De acordo com o filho, Z.R., depois do episódio, nunca mais foi o
mesmo. Se tornou um homem abatido, tanto que a palavra Unhudo passou a ser evitada em sua casa, pois toda vez que isso acontecia, ele se emocionava e ia às lágrimas.

Fratura no braço

Outra aparição do Unhudo aconteceu em 2000, na beira do rio Tietê, mais exatamente na fazenda Água Vermelha.
O pescador P.I.C., conhecido como C. Segundo ele mesmo contou, em uma tarde, decidiu ir colher orquídeas na mata do monte Pedra Branca.
Dois amigos o acompanharam e ficaram na beira da mata desafiando o Unhudo, enquanto que ele entrou.
O Unhudo teria saído de um buraco existente na pedra e o agrediu por trás. Ele lembra que antes de ser atacado percebeu que não estava sozinho no mato, mas não teve tempo de virar o corpo e nem viu o Unhudo, pois tomou um tapa forte nas costas que o jogou violentamente no chão. Ele sofreu fratura exposta do braço direito.
Seu gritos de socorro levaram os amigos dele ao local. Foi encaminhado para a Santa casa de Jaú, onde foi submetido a uma cirurgia.


13. O Espírito do Cemitério


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Em vários locais do Brasil, contam vários relatos e lendas sobre alguém que ao adentrar um cemitério, em uma noite qualquer, encontra-se com uma pessoa que aparenta ser como qualquer outra, mas depois mostra-se ser um espectro de alguém que jaz ali.

História que corre no interior do Paraná

Em um cemitério, um grupo de jovens gostava de apostar quem pegava mais cruzes. Certo dia, uma moça muito bonita faleceu, deixando um clima sombrio no local. Semanas depois do ocorrido, um rapaz senta-se sobre um túmulo e repara numa bela garota ao seu lado. Ela o desafia a roubar uma cruz naquela noite, a sua própria, e entrega-lhe uma rosa, que ele guarda no bolso. Naquela noite, para surpresa dele e de seus amigos, não havia nenhuma lápide e nenhuma cruz. Quando pôs a mão no bolso, teve uma terrível surpresa: a rosa havia se transformado em um pedaço de osso humano.


12. A Noiva do Jardim


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Uma tragédia envolvendo uma noiva na cidade de Dois Córregos, interior de São Paulo, gerou a lenda. O fato teria acontecido no início da cidade, na antiga capela feita de barro e coberta de sapé, onde seria realizado um casamento, mas o noivo não apareceu. O drama da moça emocionou os convidados. A noiva, mesmo depois da saída dos convidados, não queria deixar a capela, na esperança que o noivo ainda aparecesse.
Com a ajuda do padre, os pais dela conseguiram retirá-la, somente no período da noite. A moça foi levada para casa e deitou vestida de noiva. Na mesma noite ela morreu.
Foi enterrada com o vestido que ela mesma havia feito e em suas mãos foi colocado um buquê de rosas e margaridas brancas.A tragédia chocou a população e depois de um tempo surgiu o boato de que a noiva aparecia á meia noite perto da capela.
A Noiva do Jardim só ganharia esse nome depois do jardim ser construído, em 1909. A matriz foi inaugurada em 1911, quando a antiga capela já tinha sido demolida. Uma das pessoas que teria visto uma das aparições da noiva seria o jardineiro encarregado da praça, no final do século 20. Ele disse ter visto a moça entrar e sair da igreja, em certa noite. Acredita-se que o espírito da noiva ainda permaneça no local acalentando o sonho do casamento que nunca se realizou.
Na década de 50, jovens faziam vigília na praça que foi construída no local para tentar ver a Noiva do Jardim. Eles diziam que a noiva surgia e desaparecia na mesma velocidade. Uma senhora que morou na esquina da praça Major Carlos Neves contava que, em 1970, ela teria visto a noiva entrando na igreja.


11. Mula-sem-cabeça


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lendas do interior, lenda urbana, lenda rural, interior brasil, folclore, medo, terror, mula sem cabeça, unhudo, lobisomem, saci, besta fera, fantasma, corpo seco Lobisomem é um dos mais monstros populares do mundo. Suas origens se encontram na mitologia grega, porém sua história se desenvolveu na Europa. A lenda do lobisomem é muito conhecida no folclore brasileiro, sendo que algumas pessoas, especialmente aquelas mais velhas e que moram nas regiões rurais, de fato creem na existência do monstro, e algumas até afirmam terem visto de fato o monstro.
A figura do lobisomem é de um monstro que mistura formas humanas e de lobo. Segunda a lenda, quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse último filho será um Lobisomem. Quando nasce, a criança é pálida, magra e possui as orelhas um pouco compridas. As formas de lobisomem aparecem a partir dos 13 anos de idade. Na primeira noite de terça ou sexta-feira após seu 13º aniversário, o garoto sai à noite e no silêncio da noite, se transforma pela primeira vez em lobisomem e uiva para a Lua, semelhante a um lobo. Após a primeira transformação, em todas as noites de terça ou sexta-feira, o homem se transforma em lobisomem e passa a visitar 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde ele passa, açoita os cachorros e desliga todas as luzes que vê, além de uivar de forma aterrorizante. Quando está quase amanhecendo, o lobisomem volta a ser homem.
Segundo o folclore, para findar a situação de lobisomem, é necessário que alguém bata bem forte em sua cabeça. Algumas versões da história dizem que os monstros têm preferência por bebês não batizados, fazendo com que as famílias batizem suas crianças o mais rápido possível.

Ataques do lobisomem no interior de Pernambuco

Durante o ano de dois mil e nove moradores da cidade de Canhotinho, em Pernambuco, tiveram suas rotinas afetadas: Crianças praticamente não saiam de casa durante a noite, os adultos trancavam as portas depois das 22 horas e os que arriscavam quebrar esse comportamento tinham receio de serem atacados por um suposto lobisomem que estaria rondando a cidade.
Segundo a população um bicho como este teria atormentando a cidade no ano de 2001 e em 2009 o animal estaria de volta uivando e atacando animais durante a noite. Foram vários os relatos de pessoas que viram o monstro ou que tomaram conhecimento de sua presença em Canhotinho.
Um dos relatos que mais aumentou o pavor, na época, ocorreu depois do ataque ocorrido em um sítio onde a agricultora Maria do Carmo Soares, de 57 anos, garantiu ter visto o “lobisomem” comendo os cachorros de sua casa.
—Eu estava assistindo televisão quando me levantei para ir apagar a luz da cozinha quando vi uma coisa estranha pela brecha da porta. Fui espiar e vi um bicho grande, todo peludo, com orelhas grandes e todo preto. Ele estava comendo um dos meus cachorros. - conta a agricultora
Ela estava sozinha e chorou muito de medo, no outro dia encontrou os seus três cachorros mortos.
—Os pedaços deles estavam espalhados pelo terreiro. Eu nunca na minha vida vi um cachorro ser morto daquele jeito. Eu só consegui encontrar três pernas e uma cabeça dos cachorros. O resto ele deve ter engolido. Lembrou ela apavorada
No bairro Eliza Holanda, próximo ao cemitério da cidade, os relatos são ainda mais assustadores: Um vigilante de um colégio, que pediu para não ser identificado, disse que chegou a atirar no pescoço do “lobisomem”.
—Primeiro eu vi uma coisa muito estranha quando estava vindo para o trabalho. Foi por trás do cemitério, era como se fosse ele (o lobisomem) se transformando. No outro dia, eu estava aqui no colégio quando ele me viu e veio me atacar. Ele tinha dentes grandes e garras afiadas, deu medo, mas eu atirei no pescoço dele e depois ele saiu correndo pelo matagal. - garante.
Algumas pessoas disseram que o “lobisomem” poderia ser uma moça que morava perto do cemitério e que a transformação ocorreria num cercado que fica atrás da casa dela. Para reforçar ainda mais esta desconfiança, vizinhos juraram que depois que o vigia deu um tiro na criatura a garota teria sido atendida no hospital com dores no pescoço.


10. O Corpo Seco


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É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas na estrada. Em algumas variações, ela suga o sangue da pessoa, transformando-a também em um corpo seco, ou então a mata. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.
Pelo Brasil, existem algumas lendas de corpos secos. Uma delas, aconteceu em Vargem Grande do Sul, interior de São Paulo. Há muito tempo atrás, quando a cultura do café existia com bastante força na região, havia um senhor de escravos chamado João D'Avilla.

Em vida, ele foi um homem muito mal, maltratava seus funcionários e escravos, e agia com mãos de ferro com quem se pusesse em seu caminho. Então certo dia ele veio a falecer, e é ai que entra a parte estranha da história. Algum tempo depois, abriram o caixão para exumar o corpo, e haviam apenas folhas de bananeira em seu lugar. Reza a lenda que ele fez um pacto com o demônio, e vive na mata do bosque municipal da cidade, vagando. A pessoa que encontrar com ele ao anoitecer, será arrastado para o inferno. Várias pessoas morreram no local, então foram postas placas proibindo a permanência após as 19 horas. O Zona 33 já fez uma matéria sobre a lenda do corpo seco de João D'Avilla, se você quiser conferir na íntegra, só clicar AQUI.


09. Caboclo D'Água


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A lenda diz que o Caboclo d'Água consegue se locomover rapidamente, ele domina a água e os peixes. É conhecido também como Pai dos Peixes e Terror dos Barqueiros. Apesar de poder viver fora da água, o Caboclo d'Água nunca se afasta das margens do rio São Francisco (apesar de haver relatos em outros locais do Brasil), e quando não gosta de um pescador, ele afugenta os peixes para longe da rede, mas, se o pescador lhe faz um agrado, ele o ajuda para que a pesca seja farta. Há relatos de que ele também pode aparecer sob a forma de outros animais.

Um pescador conta ter visto um animal morto boiando no rio, e ao se aproximar com a canoa, notou que se tratava de um cavalo, mas, ao tentar se aproximar, para ver a marca e comunicar o fato ao dono, o animal rapidamente afundou. Em seguida, o barco começou a se mexer. Ao virar-se para o lado, notou o Caboclo d'Água agarrado à beirada, tentando virar o barco. Então o pescador, lembrando-se de que trazia fumo em sua sacola, atirou-o às águas, e o Caboclo d'Água saiu dando cambalhotas, mergulhando rio abaixo. Dizem que quem pesca só para o sustento, ele deixa em paz. Mas o pescador que enche a rede e não devolve o excesso de peixes à água, precisa enfrentá-lo. Ele vira sua embarcação e o pescador inimigo nunca mais volta.
O Caboclo d'Água costuma aparece à tardinha ou em noites de luar.
Para evitar o ataque do Caboclo d´água, quem viaja sozinho deve fincar uma faca no fundo da canoa. Recomenda-se também oferecer-lhe fumo.


08. A Pisadeira


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A pisadeira é um mito brasileiro que ocorre principalmente no estado de São Paulo. É a referência brasileira para a paralisia do sono. Suspeita-se que este mito veio de Portugal, dado que alguns autores dizem que esta mulher tem as mãos furadas (em alusão ao fradinho da mão furada, a referência em Portugal para a paralisia do sono).
A pisadeira vive nos telhados, sempre à espreita de uma pessoa que vá dormir com o estômago cheio. Aí, desce e senta-se sobre o peito da vítima, pisando fortemente e, apesar da vítima estar consciente, nada consegue fazer, pois fica completamente paralisada.
É uma mulher muito magra, que tem os dedos compridos e secos com unhas enormes, sujas e amareladas. As pernas são curtas e o cabelo desgrenhado. Um nariz enorme, magro e muito arcado. Os olhos são vermelhos, malignos e arregalados. O queixo é revirado para cima e a boca sempre escancarada, com dentes esverdeados e à mostra. Nunca ri, gargalha. Uma gargalhada estridente e horripilante.
É interessante notar que a pisadeira pode ser considerada um súcubo (demônio com aparência feminina), mas sem a atividade sexual que se relaciona aos mesmos. Parece que o único objetivo da pisadeira é exercer muita pressão no peito da vítima.

Cornélio Pires (1884-1958) descreveu o físico e as ações da pisadeira da seguinte forma:
"Esta é uma muié muito magra, que tem os dedos cumprido e seco cum cada unhão! Tem as perna curta, cabelo desgadeiado, quexo revirado pra riba e nari magro munto arcado; sombranceia cerrado e zóio aceso... Quando a gente caba de ciá e vai durmi logo, deitado de costa, ele desce do teiado e senta no peito da gente, arcano... arcano... a boca do estámo... Purisso nunca se deve dexá as criança durmi de costa."

Apesar de sua aparência quase esquelética, a Pisadeira apresenta um peso descomunal, assim como uma força muito grande para alguém de seu porte físico. Algumas pessoas que foram atacadas pela Pisadeira afirmaram não terem visto nada, só sentindo a presença e o peso da criatura. Já outros relataram terem sentido e visto o ser em toda a sua feiura característica. As vítimas contam também que enquanto a Pisadeira os asfixiava costumava emitir enormes gargalhadas de prazer. E para o pavor das vítimas, somente elas puderam escutar, as outras pessoas da casa relatam não terem escutado nada, somente o grito de desespero da vítima quando a Pisadeira cessava o ataque.
O tempo de duração do ataque costuma variar bastante, de poucos segundos há alguns muitos minutos e em alguns casos até mesmo horas. Existem muitas mortes ocorridas enquanto as pessoas estavam dormindo que são associadas a Pisadeira. Mesmo os sortudos que conseguem se desvencilhar do assustador ataque não podem baixar a guarda nunca, já que a entidade se alimenta do medo deles. Portanto, a chance de ocorrer um segundo ataque é grande.

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07. Mãe de Ouro


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A Mãe do Ouro é descrita como uma bola de fogo que cruza o céu em certas noites, às vezes com barulho de trovão, outras sem, e que desaparece em algum cerro ou laguna. A versão mais popular da lenda afirma que a Mãe do Ouro indica o local onde há um grande tesouro escondido. Mais recentemente, os relatos e as imagens sobre o assunto chamaram a atenção dos ufólogos, intrigados com a semelhança envolvendo o caso da Mãe do Ouro e de aparição de Ovni's, com luzes que aparecem no céu noturno.
Mas a lenda da Mãe do Ouro ainda revela outras versões curiosas. No Paraná ela é uma mulher sem cabeça, enquanto no Rio Grande do Sul, é a alma ou o espírito das pessoas que, em tempos muito remotos, foram castigadas por alguma razão e se transformaram em pedra.
É inquestionável a riqueza folclórica e a imaginação dos povos do interior do Brasil, mas o mais interessante para pessoas que não se conformam apenas em saber, é investigar as origens desses relatos extraordinários que permeiam o imaginário popular. Muitas vezes as pessoas mais humildes não tem ferramentas mentais para julgar corretamente aquilo que veem, associando fenômenos estranhos a coisas mais ao seu alcance cultural. Mas talvez um dia possamos compreender perfeitamente o que são aquelas bolas de luz que até hoje surgem de tempos em tempos pelas regiões do interior do Brasil.
Alguns casos podem se tratar apenas de fogo fátuo, outros os ufólogos atribuem como sendo "sondas alienígenas". O fenômeno já foi registrado por pesquisadores, em diversos estados, sendo mais comum no sudeste, norte e nordeste do país


06. Mula-sem-cabeça


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lendas do interior, lenda urbana, lenda rural, interior brasil, folclore, medo, terror, mula sem cabeça, unhudo, lobisomem, saci, besta fera, fantasma, corpo seco Existem várias explicações para a origem desta lenda, variando de região para região. Em alguns locais, contam que a mula-sem-cabeça surge no momento em que uma mulher namora ou casa com um padre. Como castigo pelo pecado cometido, transforma-se neste ser monstruoso.
Em outras regiões, contam que, se uma mulher perde a virgindade antes do casamento, pode se transformar em mula-sem-cabeça (teríamos um país povoado por mulas-sem-cabeça). Esta versão está muito ligada ao controle que as famílias tradicionais buscavam ter sobre os relacionamentos amorosos, principalmente das filhas. Era uma forma de assustar as filhas, mantendo-as dentro dos padrões morais e comportamentais de séculos passados.
Existe ainda outra versão mais antiga e complexa da lenda. Esta, conta que num determinado reino, a rainha costumava ir secretamente ao cemitério no período da noite. O rei, numa determinada noite, resolveu segui-la para ver o que estava acontecendo. Ao chegar ao cemitério, deparou-se com a esposa comendo o cadáver de uma criança. Assustado, soltou um grito horrível. A rainha, ao perceber que o marido descobrira seu segredo, transformou-se numa mula-sem-cabeça e saiu galopando em direção à mata, nunca mais retornando para a corte.

A aparência da Mula varia muito de região para região. Sua cor é mais comumente dada como marrom, outras vezes, preto com uma cruz branca no peito. Tem ferraduras de prata (ou ferro) que produzem um trote hediondo, mais alto do que qualquer cavalo é capaz de produzir, em outras versões seus cascos é que são de metal. Apesar de ser decapitada, a Mula ainda relincha, geralmente muito alto quando irritada, podendo ser ouvida a quilômetros de distância, e outras vezes, quando mais quieta, geme como uma mulher chorando. Ao invés de cabeça possui uma chama que não a queima ou consome, mas em outros casos a chama pode apenas cobrir parcialmente a cabeça, daí que se diz que a mesma solta fogo pelas ventas e possui um freio de ferro na mesma.

A transformação da mulher em mula acontece também no campo psicológico. Sua mente é alterada de tal maneira que rapidamente enlouquece a noite e sai aos campos, matando gado, assustando as pessoas e causando destruição e confusão. Segundo a maioria dos relatos, a Mula é condenada a galopar sobre o território de sete povoados ou freguesias cada noite (assim como a versão brasileira do lobisomem). Segundo alguns relatos, a viagem começa e termina no povoado ou freguesia onde o pecado foi cometido. A transformação geralmente ocorre em uma encruzilhada na noite de quinta para sexta-feira, principalmente se for noite de lua cheia. Não se deve passar correndo na frente de uma cruz à meia-noite ou ela pode aparecer. Se isso acontecer, a pessoa deve ter o cuidado de não encará-la e se deitar de bruços escondendo as unhas, olhos e dentes, bem como qualquer coisa que brilhe e atraia a atenção da criatura, pois esta não tem boa visão, senão a mula avançará e atropelará a pessoa que estiver em seu caminho. A transformação pode ser revertido por derramamento de sangue se a mula for por exemplo picada com uma agulha ou amarrando-a a uma cruz. No primeiro caso, a transformação será impedida, enquanto o benfeitor estiver vivo e morando na mesma paróquia em que o ferimento foi realizado. No segundo caso, a mulher ficará em forma humana até que o sol amanhecer, mas vai se transformar novamente na próxima oportunidade.

Quando a mula reverte à forma humana da mulher amaldiçoada, esta estará completamente nua, suada e com cheiro de enxofre.


05. Saci Pererê


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lendas do interior, lenda urbana, lenda rural, interior brasil, folclore, medo, terror, mula sem cabeça, unhudo, lobisomem, saci, besta fera, fantasma, corpo seco O saci, também conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê , matita perê, saci-saçurá e saci-trique, é uma personagem bastante conhecida do folclore brasileiro. Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro. A figura do saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.
Na Região Norte do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece nos dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o pito, uma espécie de cachimbo e, da mitologia europeia, herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo. Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.
Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.
O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.


04. A Cabeça Satânica


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lendas do interior, lenda urbana, lenda rural, interior brasil, folclore, medo, terror, mula sem cabeça, unhudo, lobisomem, saci, besta fera, fantasma, corpo seco Cabeça Satânica ou Cabeça Errante, é um dos muitos fantasmas do folclore brasileiro. Não se pode indicar com exatidão a época em que esse mito surgiu, sabe-se apenas que é de origem europeia, e certamente tem raízes portuguesas. A versão mais aceita é a de que tenha chegado ao país através dos colonizadores desembarcados em Recife-PE, mas depois foi se espalhado pelas zonas do agreste, sertão e alto sertão, sendo pouco conhecida nas capitais.

Os relatos a seu respeito são variados e assustadores. Alguns a descrevem como sendo a cabeça de uma pessoa de cabelos compridos, a se deslocar rolando ou saltitando pelo chão, mostrando os olhos arregalados e amedrontadores, sempre com um grande sorriso enigmático estampado na face. Outros a apresentam como a cabeça de um cangaceiro de feições rudes e castigadas pelas adversidades, que contempla sorridente a todos os que com ela se deparam. Uma terceira versão a representa como sendo uma cabeça conduzida por outro ser fantasmagórico, que com uma das mãos a segura pelos cabelos, mas a solta assim que se defronta com alguém, para que ela possa perseguir a vítima, que por infelicidade, estava no lugar errado e na hora errada.
Costuma surgir de repente, como se fosse uma pessoa comum, quase sempre de costas para o individuo a quem pretende intimidar. Isso sempre acontece tarde da noite e em lugares onde haja pouca luminosidade, certamente porque a obscuridade aumentará a sensação de pavor. Então aquela pessoa estranha e irreconhecível, se desfaz no chão em poucos segundos, surgindo em seu lugar à assustadora cabeça rolante. Trata-se de uma entidade tão temida pelos habitantes das regiões afastadas, que a simples menção do seu nome já exige o Sinal da Cruz, e costumam evita-lo, mesmo quando a conversa gira em torno de assombrações. Isso porque associam seu nome à encarnação viva do próprio diabo, que costuma sair a noite, para perseguir aqueles que por qualquer motivo, estão perambulando pelas ruas, com ou sem destino.

Dizem que basta um toque dessa entidade maligna, para que a pessoa alcançada adoeça e morra logo em seguida, é considerado sinal de agouro quando ela corre pelas noites a fora, e de repente se detém diante de alguma casa. Nesses casos, tem-se como certo que uma das pessoas que moram ali, acabará morrendo ou contraindo doença grave no prazo de poucos dias. Para que isso não aconteça será necessário que um padre exorcize o local, para depois os moradores nele realizarem uma novena. Essa é, na certeza geral, a única maneira do mal ser afastado definitivamente.

Em algumas regiões essa entidade é também descrita como uma enorme cabeça que surge mostrando seus cabelos e olhos de fogo, sempre gargalhando de forma tenebrosa, espalhando terror e pânico por onde costuma passar. Para proteger-se dos malefícios que essa aparição sempre acarreta, recomenda-se que uma cruz feita da palha do Domingo de Ramos, seja colocada do lado de fora da porta de entrada da casa, como se fosse um amuleto a protegê-la. Mas quando ele não funciona e a sinistra cabeça detém-se diante da casa, fazendo com que seu hálito horrível atravesse as frestas da porta e seja sentido por seus moradores, o recurso é que eles se agarrem a um terço bento e comecem a rezar, mantendo sempre bem fechados todos os ferrolhos de portas e janelas, que possam permitir a entrada da aberração que está do lado de fora.


03. Papa-figo


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lendas do interior, lenda urbana, lenda rural, interior brasil, folclore, medo, terror, mula sem cabeça, unhudo, lobisomem, saci, besta fera, fantasma, corpo seco No caso dessa entidade, o figo não tem nada a ver com a fruta, mas sim com "fígado", da forma como as pessoas do interior costumavam pronunciar a palavra.
Dizem que o Papa-Figo tinha orelhas de morcego, unhas de gavião e dentes de vampiro. Andava com roupas esfarrapadas e sujo. Há outras versões que dizem que o Papa-Figo parecia uma pessoa normal, nada tendo a ver com esta figura monstruosa descrita há pouco. Porém, mesmo normal, era de aparência modesta, apresentando-se como um mendigo simpático com um saco nas costas, que atraía crianças solitárias com doces, dinheiro, brinquedos ou comida.
Matava criancinhas para chupar o seu sangue e comer o seu fígado. Dava preferência para meninos desobedientes, chorões, e principalmente os gordinhos. Mas apesar de seletivo, comia o fígado de qualquer criancinha que tivesse à mão.
É que o Papa-Figo acreditava que beber o sangue e comer o fígado destas criancinhas era o único remédio para uma doença que o afligia: a lepra. Uns justificam que seu aspecto horrendo seria devido a esta doença. A lepra, ou Mal de Hansen, matou um considerável número de pessoas em princípios do século XX, época provável da origem das lendas que envolvem este personagem. Há mesmo relatos que dizem que pessoas com o Mal de Chagas eram confundidas com um Papa-Figo, pois a doença provocava inchaço em algumas partes do corpo, como o fígado. De fato o Ministério da Saúde teve que monitorar em princípios do século XX a população para evitar o contágio e garantir que as pessoas adotavam as medidas necessárias para evitar a propagação do inseto. Os responsáveis por esta fiscalização dirigiam-se às povoações em um carro preto, e quando era encontrada uma vítima da doença, fazia-se o exame do fígado do falecido através de uma punção. As vítimas, predominantemente eram crianças. Junte-se a isto o fato das pessoas não saberem direito o que estava acontecendo pois, com certeza, não recebiam uma explicação. Pronto. Já temos o suficiente para o surgimento de uma lenda. E assim, uma pessoa dentro de um carro preto, estranha, que aparecesse em uma localidade, estava atrás de comer fígado de criancinhas. Era um Papa-Figo


02. Cabra Cabriola


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Dizem que o bicho papão é um monstro que persegue as crianças travessas, a Cabra Cabriola segue mais ou menos a mesma linha. Tem gente que diz se tratar de uma espécie de cabra, metade cabra metade monstro, outros dizem que há vários tipos. Soltando fumaça pelas narinas, ataca crianças que andam sozinhas nas ruas desertas nas noites de sexta-feira.
Essa entidade aparece realmente para levar consigo as crianças desobedientes, que falam palavrões, mentem ele não se interessa pelas crianças obedientes e educadas. Aparentemente, ela sente-se atraída pela força vital que uma criança possui, e se essa criança é mal educada e de má índole, abre uma brecha para a Cabra Cabriola se aproveitar e ataca-la. Ela pode se esconder no quarto dessas crianças, nos armários, até em gavetas, debaixo da cama para atacá-las ao anoitecer.
Dizem também que ela é um tipo de bicho-papão que surge nas noites sem luar, com um saco na mão para pegar as crianças mentirosas e desaparecer com elas. Para espantar a Cabra Cabriola da redondeza, a criança deve ser obediente e educada e se por acaso fizer alguma traquinagem deve pedir desculpas, caso contrário pode receber uma visita indesejada dessa entidade malévola.


01. Besta Fera


14/14 | Lendas do interior do Brasil
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Essa lenda, é uma mistura do mito da Mula-Sem-Cabeça e Lobisomem. Não se sabe ao certo de onde surgiu essa criatura. Acredita-se que na verdade trata-se do próprio Demônio em pessoa, que sai das profundezas em noites de Lua cheia e corre pelas ruas dos povoados e pequenas cidades, só parando quando chega no cemitério da cidade, quando simplesmente, desaparece.
Seria um ser fantástico metade homem metade cavalo. O barulho dos seus cascos correndo é motivo mais que suficiente para as pessoas se trancarem em suas casas nesses dias. Por onde passa, uma matilha de cães infernais, e ouros animais o acompanham numa algazarra infernal. Vez por outra ele açoita os cachorros e os ganidos são pavorosos. Quando ele pára na porta de uma casa, dá para ouvir sua respiração demoníaca e nessa hora, a pessoa deve rezar o "Credo" para que ele siga seu caminho. O animal que se atreve a chegar mais perto é açoitado sem piedade.

A Besta Fera é uma entidade comumente associada com sendo o próprio mal encarnado, percorrendo a terra. Há apenas relatos dos sons provocados pela sua passagem, como ocorre normalmente em cidades do interiorzão. As pessoas nesses locais não se atrevem a sair das casas quando ocorre o fenômeno.



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