João D'Avilla: A lenda do corpo seco

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Vargem Grande do Sul, uma pequena cidade do interior paulista, próximo à divisa com Minas Gerais. Local de muitas lendas e "causos" assustadores, entre esses, uma das histórias mais famosas é a lenda do "corpo seco". Uma alma atormentada de um senhor de escravos muito mau que viveu no passado nessas terras, hoje supostamente vaga pelo bosque municipal a procura de alguém para arrastar para o inferno.

lenda, história de terror, fantasmas, pacto demônio, vargem grande do sul, bosque, floresta, assombração, apariçãoImagine, por um momento, uma casa onde ainda existem os resquícios de um passado, que poderia ser considerado no mínimo obscuro?  Alguns grilhões (Correntes para prender os escravos) ainda existem no porão da casa de uma das lendas de Vargem Grande do Sul – SP.
A lenda diz que, décadas atrás, quando a cultura do café ainda existia com bastante força na região, alguns fazendeiros tomavam conta de um vasto território, hoje parte de Poços de Caldas – MG e da região de Casa Branca.

No entanto, naqueles tempos, as cidades não eram muito bem definidas neste interior paulista. A própria Vargem Grande do Sul era considerada uma pequena vila de alguns trabalhadores rurais, e famílias como os D’Avilla eram proprietários ricos de fazendas que cobriam a maior parte da região. Naquele tempo, havia um homem, conhecido como João D’Avilla, que era proprietário de alguns escravos que trabalhavam nas fazendas de café da família, mas que era um homem excessivamente cruel com qualquer um que ousasse contrariá-lo (Vide a história do Padre Donizete). A lenda continua: Dizem os habitantes mais idosos da cidade que quando este homem morreu, sem deixar nenhum herdeiro, ele foi levado até a funerária, e seu velório aconteceu com o caixão fechado! Isso mesmo, afinal de contas, não era exatamente um homem querido naquela sociedade. A história toma um rumo mais sinistro alguns anos mais tarde, quando houve a necessidade de exonerar o corpo para constatar algumas coisas; no entanto, aí entra a parte mais sinistra da história: No lugar onde deveria haver um corpo, havia um montículo de folhas de bananeira enroladas a fim de dar peso ao caixão. O corpo do próprio João D’Avilla nunca havia sido enterrado, e consequentemente algumas lendas locais apareceram. Há várias versões da história na região, mas a mais conhecida diz que ele havia feito um pacto com o demônio e que continuava vagando pelo bosque municipal e pelos terrenos abandonados da cidade.

Esta lenda tem duas partes: A dos escravos e a do próprio João D’Avilla.

Primeiro, dizia-se que algumas pessoas ouviam os grilhões no porão da casa arrastando-se e o gemido de alguns escravos mortos há muito tempo, horas algumas pessoas relatavam algumas sombras caminhando para dentro do bosque, mas que desapareciam. Há histórias muito macabras naquele bosque, além, é claro, dos suicídios que ocorreram lá nos últimos anos.

Seja como for, a história não termina por aqui: João D’Avilla, João D’àrvore, entre outros nomes é o que conheceriam os vargengrandenses, anos mais tarde, como a “Lenda do corpo seco”.

A lenda, em sua última parte, diz que depois de ter vendido sua alma para forças das trevas, João D’Avilla teria permanecido na cidade, caminhando pelo bosque na forma de um esqueleto com pele. Isso mesmo, literalmente pele e ossos! As descrições de algumas pessoas, que remontam desde o início do século XX nos transmitem a imagem de um emaranhado de pele e ossos com traje tradicional de senhores de engenho: Uma camisa, uma calça, botas, um chapéu velho e um cinto. A lenda diz ainda que quem se aproxima deste corpo seco durante a noite, pode ser arrastado por ele para o outro mundo.

Arg...

Alguém tem coragem de acampar no bosque municipal depois desta história? Aqui vai uma última informação não oficial: Uma placa dizia que era proibido permanecer no local após as 19:00 Horas, isto por uma razão:
Algumas pessoas, desde a origem dos boatos, desapareceram no bosque e os corpos nunca foram encontrados!

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 E se você está achando isso muito vago, então confiram um acontecimento recente que ocorreu no local:

2014
Em uma Segunda-feira, dois irmãos gêmeos (avá que são dois...) foram jogar futebol perto da represa, enquanto passavam férias na cidade, e a bola caiu na represa. Um dos irmãos foi buscar a bola, e começou a se afogar (Detalhe que ambos sabiam nadar, dizem que nesse momento algo o puxou ... Então o outro irmão foi tentar ajudar e ambos foram tragados e morreram afogados. Fato verídico!


Hoje, o túmulo do Coronel situa-se na fazenda Boa Esperança, de propriedade da família D'Ávilla Ribeiro. Diz-se que a vegetação ao redor e do local sempre morre, e os animais que passam por lá ficam com a pele enrugada.

Existem histórias de que pessoas se enforcaram no bosque, 15 na mata e mais 8 pessoas que morreram afogadas... sinistro!
Depois disso, as histórias na frente de uma fogueira com marshmellows perde completamente a graça, mas...
Seja como for, os que quiserem saber de mais detalhes, tudo o que têm a fazer é uma pequena incursão naquele bosque de Vargem Grande do Sul durante a noite. Afinal de contas... quem sabe o que podem acabar encontrando naquele local à Meia noite?


José da Silva conta sobre como era João D'Avilla em vida, e comenta sobre as assombrações no local.

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Se você passar por essa estrada à noite, corre um sério risco de topar com o corpo seco. Testemunhas que dizem ter visto uma figura sinistra vagando por essa área à noite, saíram correndo.

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Entrada da represa do bosque. No alto do morro ao fundo, fica a fazenda onde morava João D'Avilla.

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As matas por onde o corpo seco supostamente vaga durante a noite.
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Imagens de uma área do bosque, com outra placa de advertência pichada.


Matéria: Luigi C. Domani
Pesquisa de Campo: Fernando Bonvento
Colaboração: Marina Siqueira

Agosto 20, 2018